Minhas últimas leituras renderam grandes reflexões.
Mas acho que a principal é o quanto de vida eu perdi por estar grudada o tempo todo naquele aparelhinho do demo (aquele que costumamos chamar de celular).
É sério. Eu era obcecada por saber sobre a vida de pessoas que nem sabem da minha existência. Ficava fazendo aquela comparação básica e pensando: por que a grama dela é mais verde que a minha? E nisso eu deixava de cuidar do meu jardim, que é o que realmente importa.
Internet é muito prática, isso é fato, mas sinto falta de quando ela não existia.
Daquelas conversas intermináveis ao telefone. De um encontro que era realmente um encontro, pois não tínhamos notificações para checar o tempo todo. A conversa era olho no olho.
Sinto falta de escrever carta. Carta não é a mesma coisa que digitar um e-mail. Ela transmite muito mais emoção. Olha o tanto de tempo que se leva para escrever, a escolha das palavras, o jeito. E-mail é frio. Uma digitadinha aqui, outra ali, e tá pronto. Acho que nasci no tempo errado.
E o tempo da revelação da fotografia? E depois, quando elas estavam nas nossas mãos, descobríamos uma cabeça cortada aqui, alguém que não saiu na foto lá...
Hoje, a gente tira zilhões de fotos até que uma fique boa, pra podermos postar na hora e o mundo todo poder saber onde estamos, com quem e o que estamos fazendo. E tudo isso pra quê? É o que eu não entendo.
Por isso, eu acho que quem realmente é feliz não tem tempo de parar pra tirar foto e mostrar pra quem quer que seja.
Felicidade não é pra ser compartilhada com qualquer um. Isso eu tenho aprendido a cada dia. Até porque a gente sabe que, por menos que a gente tenha, sempre tem alguém cobiçando a nossa grama. O que nos faz alegre, o que nos contenta, o que nos encanta, a gente guarda pra gente.
Sem contar que essa exposição desenfreada sem motivo já tá chata. Ou talvez eu tenha virado uma chata, vai saber.
E as personagens dos meus livros preferidos não ficam o tempo todo conectadas; elas vivem. Acho que tá mais do que na hora de seguir o exemplo.
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